Em política o poder e a proximidade do poder produzem prodígios de acrobacia ideológica.
Vejam o exemplo do senador republicano por Ohio J. D. (James David) Vance, 39 anos, escolhido por Trump na convenção do partido em Milwaukee.
Veja o que ele, antes de aderir às ideias de Trump, dizia do ex-presidente, de quem hoje é seguidor quase religioso.
“Trump faz pessoas com as quais eu me preocupo terem medo. Imigrantes,muçulmanos, etc. Por isso eu o considero repreensível. Deus quer coisa melhor de nós”. (Post no ex-Twitter em 9 de outubro de 2017)
Mais que isso — uma seleta de trechos de declarações feitas num passado recente a respeito do ex-presidente reunidas por jornalistas americanos:
“Idiota cínico”
“O Hitler da América”
“Venenoso”
“Candidato terrível”
“Quem vota nele é um idiota”
“Nunca gostei dele”
A virada ideológica não foi brincadeira. Já era um trumpista radical quando ingressou na política, em 2022, se candidatando a senador. Então não mais se “preocupava” com a visão linha-dura de Trump sobre os imigrantes, por exemplo: já era a favor da muralha na fronteira com o México e de mão dura – prisão seguida de deportação – para os imigrantes ilegais.
Adotou inteirinha a noção de “América (EUA) primeiro” na política externa, o que inclui bloqueio à ajuda da Ucrânia invadida pela Rússia e uma mal disfarçada simpatia pelo tirano russo Vladimir Putin.
Em matéria do direito de as mulheres ao aborto, até ultrapassou a postura de Trump: é contra a legalização mesmo em caso de estupro ou de… incesto!
Voltarei logo a comentar e informar sobre a figura.
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